Uma pesquisa analisou material genético do DNA mitocondrial de 14 crânios indígenas do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Cientistas encontraram um componente no genoma que relaciona o grupo de índios brasileiros botocudos, já extintos, com marcas genéticas típicas de povos da Polinésia.
De acordo com o professor titular do Departamento de Bioquímica da UFMG, Sérgio Pena, responsável pelo estudo, o projeto levou cerca de 6 a 7 anos de investigação. Houve um trabalho com 14 dentes de crânios antigos. Em 2 deles, foram encontrados haplótipos de DNA mitocondrial com a chamada “Polynesian tag”. Nos outros 12 crânios, foram obtidos resultados compatíveis com a ancestralidade tipicamente ameríndia. “O trabalho de confirmação desses achados, primeiro no Brasil e depois na Dinamarca, foi lento e cuidadoso, demorando quase três anos”, completa.
Algumas hipóteses foram divulgadas pelos pesquisadores na revista PNAS, dentre elas, a mais provável leva a crer que, no início do século 19, escravos chegaram ao Brasil oriundos de Madagascar. Pena explica que cerca de 20% dos nativos da ilha africana apresentam DNA mitocondrial com características dos polinésios. Nesse sentido, a provável miscigenação entre os dois povos explica o aparecimento de material genético entre os botocudos.
Quando perguntado sobre as próximas etapas da pesquisa, o professor afirma: “a hipótese de Madagascar é testável experimentalmente e será a primeira a ter nossa atenção.”
O pesquisador também explica que o DNA mitocondrial foi o material genético escolhido para ser utilizado, já que é naturalmente amplificado e, por isso, apresenta centenas ou milhares de cópias em uma única célula. Além disso, ele é de origem materna e altamente variável, o que o constitui como alta fonte de informações em termos de ancestralidade genética.
Fonte: revista PNAS
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